Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



(bela) Árvore de Frutos

por baía azul, em 30.01.11


Cheiras ao caju da minha infância
e tens a cor do barro vermelho molhado
de antigamente;
há sabor a manga a escorrer-te na boca

e dureza de maboque a saltar-te nos seios.

 

Misturo-te com a terra vermelha

e com as noites

de histórias antigas

ouvidas há muito.

 

No teu corpo

sons antigos dos batuques à minha porta,

com que me provocas,

enchem-me o cérebro de fogo incontido.

 

Amor, és o sonho feito carne

do meu bairro antigo do musseque!

 

Antônio Cardoso

Autoria e outros dados (tags, etc)

Tags:

publicado às 00:05

Piadinhas

por baía azul, em 24.01.11

Recebi um email com esta provocação.

 

Não deve ter sido enviado especialmente para mim, mas eu, tagarela que sou, ao volante ou não, senti-me bastante visada.

 

O texto que acompanhava era tão simples como isto:

"Para os que apreciam bastante a combinação de mulheres maravilhosas e carros de sonho dos salões automóvel do mundo fora…"

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

Tags:

publicado às 14:45

Serenata a Angola

por baía azul, em 04.01.11

Hoje acordei com esta canção no ouvido.

Se é uma homenagem à terra, uma saudade que vem sem avisar ou simplesmente a angústia do inverno, não consigo descortinar.

Mas a sensação é estranha e mais do que tudo tem que ficar registada

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 16:10

Dentro da Muxima

por baía azul, em 03.01.11

 

1 de janeiro de 2011
Estou no comboio, Porto – Vila Franca de Xira é a viagem.
Foi uma aventura ter vindo. Mas uma aventura com mais coisas boas para guardar do que o contrário.
Família e amizade são dois conceitos, são duas realidades captadas nesta aventura, encaradas apenas se for de coração.
Não há meio-termo para nenhuma delas. Há um balanço, talvez uma dúvida, que cedo ou tarde acaba por ser desfeita. Ou se é ou não se é. Ou se é absolutamente ou se deixa para trás.
Família? Vi com os olhos, senti com o coração.
Não que não soubesse. Não que a minha não tivesse já demonstrado, mas sim porque elevamos ou rebaixamos o nosso sem muitas vezes termos experienciado o suficiente além fronteiras.
Já tinha visto vários exemplos do que o conceito família implica. Este último quase implicou uma passagem de ano em plena estrada, no meio do nada. O que importa? Havia uma avó ansiosa, uma tia revoltada, um namorado paciente e uma amiga, num carro a abarrotar.
Não seria o fim do mundo se o champanhe (vinho Lambrusco, aliás, comprado por mero acaso) fosse aberto no meio do nada algures entre Viseu e Aveiro, onde tudo o que havia era o breu.
Não seria o fim do mundo, estávamos na passagem de 2010 para 2011 não para 2012. Mas ainda assim não seria o fim do mundo.
Nem acredito que isso estivesse em causa.
Há no entanto uma angústia no que toca à família, naquilo que ela provoca em nós.
Ela mostra-nos o quão impotentes podemos ficar.
No amor atribuímos culpas a um dos pares, choramos, largamos, pensamos que amamos outro e partimos para uma qualquer desilusão que apague a anterior.
Na família não há trocas ou substituições. Há forças irreconhecíveis, dribles inacreditáveis, sucessos inesperados e neste caso há a sensação de frustração a cada minuto e a desacreditação em tudo o que possa mostrar mudanças.
Desgaste e desalento poderão estar como lapas. Somos matéria. Somos voláteis, adaptáveis e incrivelmente capazes. Seres que se desfazem num sorriso ou numa lágrima, que cedem a uma palavra, a um apelo.
Família é um motor, difícil, pesado, brilhante por fora, complexo por dentro. É o motor que nos leva aos destinos mais desafiantes, aos píncaros e aos vales.
Mas é só por ela que tudo isso vale a pena. Filhos, pais, irmãos, netos, avós e muito provavelmente, no meu caso, primos e tios. Os que nos alegram e angustiam com a mesma facilidade com que um ser humano respira.
Aqueles que nos conseguem convencer mais do que qualquer outro que somos os melhores e os piores.
Mas também existe uma coisa chamada amizade. E, antes de saltar para esse outro fenómeno, arrisco dizer que Família é algo que se constrói, não bastam os laços de sangue. Não somos para a nossa família apenas porque estamos unidos pelo genoma, mas porque a sentimos!
“Toda a doutrina social que visa destruir a família é má, e para mais inaplicável. Quando se decompõe uma sociedade, o que se acha como resíduo final não é o indivíduo mas sim a família” Victor Hugo
O fenómeno amizade é outro que me intriga e ao qual dei atenção especial em 2010. Escolher amigos nunca foi tarefa difícil para mim. Quase tão simples quanto saciar a sede.
Ter amigos é até um acto bastante reversível, ainda que envolva alguma estratégia. Pôr e tirar amigos é fácil.
No meu caso pôr é bem mais complicado que tirar. É quase um casting mental. Estratificá-los por influência na nossa vida igualmente difícil, mas tão útil quanto separar talheres, roupas consoante a estação ou pastas de email.
A minha reflexão sobre a amizade só surge pelas dúvidas que tinha sobre mim mesma. Naturalmente, já tinha sentido o que a amizade nos pode dar. Os meus já tinham feito muito por mim. Haviam preenchido espaços, que desconhecia existirem.
Nos últimos tempos a questão que se colocava era: quantas vezes estiveste tu pelos teus amigos? Uma dúvida originada pela descrença ou o pouco à vontade demonstrado no momento de pedir um favor. Creio que isso só se deve ao facto de como amiga revelar-me pouco disponível.
Surpreendi-me com o que posso fazer e, de forma espontânea. Desconhecia que fosse capaz. Os últimos anos foram de grande lição.  
Ter tido bons amigos, aos quais, confesso, só estar a corresponder agora, foi essencial para também o ser.
De tudo o que há de turvo, há a certeza de que em 2010 fiz uma conquista: envolver-me no fenómeno amizade.
Quantas mensagens posso ler desta noite atribulada de angústias, raivas e estupidez natural? Tantas quantas o bom senso for capaz de retirar, abdicando nunca do seu fio condutor: conceito Família, fenómeno amizade são mais fáceis de eliminar do que incorporar, mas isso seria como um concurso em que todos ganham, ou melhor, todos perdem.
(texto com algumas alterações a 2 de Janeiro)

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 00:37


Mais sobre mim

foto do autor


Pesquisar

  Pesquisar no Blog

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.


Arquivo

  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2015
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2014
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2013
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2012
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2011
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2010
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2009
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D