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Já na partilha, veio o cacimbo!

por baía azul, em 07.07.11

 

 

 

Luanda acordou a serenar.

O clima já é comparado ao de Londres, o que tem alguma piada.

A foto foi-me enviada via Iphone por um novo amigo em Luanda, que tem mostrado que é muito mais fácil assim, socializando.

 

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publicado às 10:00

Primeiros espantos

por baía azul, em 05.07.11

 

Os carros fazem travagens bruscas, ouvem-se os travões a chiar, mas não os bangs, os choques. Há que admirar a capacidade de quem conduz em Luanda.

Não há manobra que seja totalmente legal, no meu ponto de vista que tirei a carta na província e nem foi cá!

 

Assustei-me quando senti o prédio tremer, um barulho na rua como se estivesse a passar um hummer limousine. Comentei: “É um super hummer a passar?”

A cara de espanto e de gozo de quem me respondeu antevia uma resposta inesperada e passava-me um atestado de tamanha ignorância, que por momentos arrependi-me da pergunta.

“É um candongueiro!”

A minha gargalhada foi inevitável. O sorriso do outro lado foi misericordioso, porque no mínimo eu merecia uma extiga*!

 

Também experimentei o trânsito. Não aquele das 8h da manhã, mas o da hora do almoço e lembrei-me de um comentário que ouvi de um português na minha primeira noite: “Aqui o melhor momento do tuga é às 7h da manhã, quando liga a SIC Notícias e ouve o report do trânsito em Lisboa, no IC19, na Ponte 25 de Abril. Fartamo-nos de rir!”

 

Mas foi n’A Sombra, no Kinaxixi, que senti um bocadinho Portugal em Luanda. Não pela presença de portugueses, mas pelo fado que tocava enquanto o almoço era servido. No prato chegou um bife de panela, temperado a gosto e um sumo natural de maracujá para refrescar quem sente calor, quando todos dizem que está frio.

 

Apesar dos contratempos, acabou por ser um dia fotográfico bom. Captei algumas imagens do quotidiano que me deram bastante prazer, mas o facto de ter o vidro do carro como barreira ou mesmo o decreto-lei como proibição inibiu alguns movimentos da lente.

 

#day 4

 

*extigar: gozar com alguém sem maneiras*

* sem maneiras: sem ter em conta os limites

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publicado às 23:11

Ainda não consegui entender se são longas as noites ou os dias

por baía azul, em 04.07.11

 

Muito repelente, pouco acesso à net. Foi o primeiro pensamento que surgiu quando o dia terminou e ao olhar para trás percebi que pouca coisa tinha feito.

Entre doenças, más disposições, falta de luz, falta de Internet, falta de vontades, falta de criatividade, falta de proactividade, cheguei ao fim do dia com uma questão que me aflige: o que fazer quando os peixes não se deixam salgar?!

 

Cheguei a casa com a questão mas guardei-a para mim. Apercebi-me que as anopheles já estavam no auge da sua actividade e fui buscar o butix.

Tentei escrever, mas a Internet dava apenas para a rede social mais famosa de todo o mundo. Podem falhar todos os sites, mas o Facebook carrega sempre.

 

Lancei o desabafo e fui dormir. Acordei com a pula a perguntar-me: “dormiste bem?” “Sim, sim”, respondi.

“Óptimo, ainda bem que estás bem disposta, porque não tens água quente”, chutou, sem dó nem piedade.

Fiz-me forte e imaginei que da torneira sairia uma aguinha agradável. Não foi propriamente assim, mas depois de uns gritinhos pensei na fase seguinte: “escritório, reunião, luz e internet. Hoje é dia de trabalho”. Não, nada disso. As duas primeiras sim, mas numa sala localizada a oriente, onde o sol tivesse sido o primeiro a aparecer.

 

Além das questões profissionais que nos deixam boa parte das vezes frustradas, há a lamentar o facto da pula que diz que domina aqui o sítio ainda não saber negociar a fruta à beira da estrada. Eu confesso, também não sei. Nem entendo porquê que hei-de pagar algo inflacionado ou algo low cost. A verdade é que o pedido foram dois mamões e umas bananas, cinco talvez, por 1200kz e no carro só vieram os mamões porque ninguém aguentou a discussão com a quitandeira, que já tinha bem guardados os 1200!

 

De resto, mais um dia a lutar com uploads de fotos e não só, com a percepção de que metade do que se diz que se ouviu é menos ainda do que aquilo que estávamos à espera.

 

#day 2

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publicado às 22:10

De Lisboa a Luanda, mais do que ensinar, aprender!

por baía azul, em 04.07.11

 

Ao aterrar em Luanda não senti aquele bafo a que estamos todos habituados. A noite estava amena, para muitos até estava frio. Para mim apenas ameno.

Não sufoquei, como se costuma dizer ou acontecer no momento em que se sai do avião.

Estranhei não ter sentido isso mas também respirei de alívio. Podia ser um sinal de menos estrangeirismo da minha parte.

Entrei no controle de passageiros: nacionais, estrangeiros, palops. Senti-me encaixar em qualquer um deles, mas optei pelos nacionais, sem antes voltar a verificar o meu passaporte. Sim, era preto, mesmo ao lado do marron (esta segunda cor é discutível, mas na dúvida entre vermelho e castanho, escolho o marron).

 

Ligo para a portuguesa (pula) que está à minha espera do outro lado: “Como é? Qual é a minha fila?” “A mais à esquerda possível”, responde.

Eu não estava na mais à esquerda, pus-me só mais um bocadinho à esquerda e fui sorrindo para toda a gente.

 

Na polícia de imigração a coisa fez-se bem. O senhor sugeriu a outro passageiro que desse a vez à senhora, eu pois claro, e simpática segui em frente, torcendo para que não me fizessem perguntas. Nem a morada, nem tão pouco um número de telefone trazia de cor para que pudesse passar por residente. Mas se todos tivermos que ser residentes no nosso país de origem há que confessor, seria uma grande seca!

 

No tapete da bagagem quase nada passava. Os acostumados a esta viagens, demoras e outros contratempos auguravam o pior. Malas desviadas, malas abertas, malas para a zunga.

Passaram duas horas, mas todas chegaram. Fechadas tal como as deixei. Perfeito! Podia agora sair e ir ter com a pula que só dizia “fica só já!”. Ya! Fiquei mesmo, bem presa na alfândega depois de confundirem caixas de lápis de cor com caixas de CDs!

 

Com factura ou sem factura, regras são regras. Brinde ou não, quem sabe se tem valor comercial é a senhora que faz a revista. Ah pois! Da próxima vez não me ponho a tentar ensinar ao outro aquilo para o que, em princípio, ele foi pago para fazer. Não repetirei a façanha, embora tenha de imediato agarrado na minha humildade e posto em prática para me desculpar, podia ter corrido pior.

 

Nos aeroportos tudo o que se pode dar são voltas. Pese aqui, assine ali, entregue do outro lado. Se concordar paga e leva, se não concordar fica e paciência. Os lápis de cor para a criançada contariam outra história. Tudo foi feito de acordo, inclusive o pagamento.

 

À última tia* que me atendeu garanti que não precisava de ajuda para carregar as caixas que ia recuperar, porque o funge me esperava dia no seguinte. Ganhei o sotaque, brinquei com a senhora e fui embora. Afinal, por muito que custe pagar mais uma taxa, sem uma explicação muito clara, cada um com o seu trabalho.

 

Para o jantar pedi o simples e recebi o requinte. No Caribe, na Ilha, a grelhada mista está-me no paladar até hoje.

E não, não era uma grelhada mista dessas a que estamos habituados quando vamos aos jantares de estudantes em Lisboa, bifanas, salsichas e costeletas. Era uma senhora grelhada de peixe e marisco, com o tempero certo e a demora razoável.

 

Comi e bebi o bom ambiente que circundava, já em processo de mentalização da notícia com que fui recebida: “Não temos luz e não vais tomar banho!”

Ora negue-se tamanha recepção! Há que valorizar.

 

#day 1

 

*tia: senhora mais velha que tratamos com respeito e simpatia, apesar de não ser nossa parente

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publicado às 01:26


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