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Fraca memória

por baía azul, em 23.03.12

O que eu escrevi hoje

O que eu trago para amanhã

O que eu desejo ontem

 

Um baque de repetições

Um choque de recordações

Um fraco de emoções

 

Subi escada

Contei degrau

Cheirei ambiente

 

Desesperei consciência

Aspirei maledicência

Desisti, paciência

 

Não, não é por acaso

O barulhar do meu pensamento

No cascalhar do discernimento

 

 

Por mim

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publicado às 00:36

Foi sempre o meu preferido

por baía azul, em 21.03.12

...e espalho-o por tudo quanto é lado.

Por isso hoje, em Luanda, amanhã no Japão ou depois no Sri Lanka, vai fazer sempre sentido.

 

Os cinco sentidos

 

 

São belas - bem o sei, essas estrelas,
Mil cores - divinais têm essas flores;
Mas eu não tenho, amor, olhos para elas:
Em toda a natureza
Não vejo outra beleza
Senão a ti - a ti!

Divina - ai! sim, será a voz que afina
Saudosa - na ramagem densa, umbrosa.
Será: mas eu do rouxinol que trina
Não oiço a melodia,
Nem sinto outra harmonia
Senão a ti - a ti!

Respira - n'aura que entre as flores gira,
Celeste - incenso de perfume agreste.
Sei... não sinto: a minha alma não aspira,
Não percebe, não toma
Senão o doce aroma
Que vem de ti - de ti!

Formosos - são os pomos saborosos,
É um mimo - de néctar o racimo:
E eu tenho fome e sede... sequiosos,
Famintos meus desejos
Estão... mas é de beijos
É só de ti - de ti!

Macia - deve a relva luzidia
Do leito - ser por certo em que me deito
Mas quem, ao pé de ti, quem poderia
Sentir outras carícias,
Tocar noutras delícias
Senão em ti - em ti!

A ti! ai, a ti só os meus sentidos,
Todos num confundidos,
Sentem, ouvem, respiram;
Em ti, por ti deliram.
Em ti a minha sorte,
A minha vida em ti;
E, quando venha a morte,
Será morrer por ti.


Almeida Garrett

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publicado às 01:30

Que eu nunca deixe de te homenagear

por baía azul, em 08.03.12

A rainha faz anos hoje. Beatriz, avó Bia, 90 anos de uma vida cheia de histórias infindáveis, de sacrifícios inomináveis. O meu orgulho de ser sua neta não cabe neste quase um século de vida. Obrigada Avó pelos micondes, pelos doces, pela fada dos dentes, pelas partilhas que me confidenciaste e pelo único nome que só a mim chamaste "Tchissanda"!

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publicado às 15:51

Carta de um Contratado

por baía azul, em 05.03.12
   

Eu queria escrever-te uma carta
amor,
uma carta que dissesse
deste anseio
de te ver
deste receio
de te perder
deste mais que bem querer que sinto
deste mal indefinido que me persegue
desta saudade a que vivo todo entregue...

Eu queria escrever-te uma carta
amor,
uma carta de confidências íntimas,
uma carta de lembranças de ti,
de ti
dos teus lábios vermelhos como tacula
dos teus cabelos negros como dilôa
dos teus olhos doces como macongue
dos teus seios duros como maboque
do teu andar de onça
e dos teus carinhos
que maiores não encontrei por aí...

Eu queria escrever-te uma carta
amor,
que recordasse nossos dias na capôpa
nossas noites perdidas no capim
que recordasse a sombra que nos caía dos jambos
o luar que se coava das palmeiras sem fim
que recordasse a loucura
da nossa paixão
e a amargura da nossa separação...

Eu queria escrever-te uma carta
amor,
que a não lesses sem suspirar
que a escondesses de papai Bombo
que a sonegasses a mamãe Kiesa
que a relesses sem a frieza
do esquecimento
uma carta que em todo o Kilombo
outra a ela não tivesse merecimento...

Eu queria escrever-te uma carta
amor,
uma carta que ta levasse o vento que passa
uma carta que os cajus e cafeeiros
que as hienas e palancas
que os jacarés e bagres
pudessem entender
para que se o vento a perdesse no caminho
os bichos e plantas
compadecidos de nosso pungente sofrer
de canto em canto
de lamento em lamento
de farfalhar em farfalhar
te levassem puras e quentes
as palavras ardentes
as palavras magoadas da minha carta
que eu queria escrever-te amor...

Eu queria escrever-te uma carta...

Mas, ah, meu amor, eu não sei compreender
por que é, por que é, por que é, meu bem
que tu não sabes ler
e eu - Oh! Desespero - não sei escrever também!

 

António Jacinto

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publicado às 23:10


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