por baía azul, em 01.04.12
Começar é sempre o que custa mais.
Duvidar (de mim) era uma sensação que poucas vezes me assolava.
Hoje, sinto o confuso que é fazer parte, não fazer parte, tentar fazer e tentar não fazer.
É sempre assim quando tento escrever: baralho todas as minhas ideias; refugio-me em desculpas e, no fundo, perco-me invejando os tranquilos de espírito.
Queria ser mais coerente.
Depois de ontem percebi o quanto tenho ignorado essa coerência, a importância de viver e o medo de morrer.
Ter medo. Será bom ou mau? Sei que envolta na satisfação de, ao ter ido contra o separador da estrada, não ter acontecido nada, ficou o medo de pegar no volante. O medo de não estar atenta.
Ainda oiço o zumbido, o "crash" do retrovisor, o coração a saltar pela boca, a certeza de que algo horrível estava a acontecer! O susto, o susto, o susto.
Cinco segundos depois percebi que a estrelinha lá em cima estava a brilhar, em pleno na sua luz deu-me a oportunidade de estar viva, de não espalhar a tristeza.
Às vezes é assim. Envolta no medo, assolada pela tristeza, mas ciente de que foi dada outra chance.
Dez segundos depois pensei na paixão. Não a canção, mas a sensação. A que tenho sentido e não soube gerir.
O que é sentir afinal?
Sentir é ter o coração fora do lugar, os batimentos acelerados, incertezas somente
A alegria de estar viva, a estranha melancolia também.
É como um castigo, quase tão cruel quanto o de não sentir.
A verdade é que convencida do equilíbrio que estar fora de Luanda me podia causar, pus os pés pelas mãos.
Ao desejar uma segunda oportunidade para corrigir tudo, lembro que a tive ontem, a de me manter viva.
Não posso pedir mais nada, mas anseio por fazê-lo e depois agarrá-lo para nunca mais perder...
É incrível como não nos satisfazemos com a dádiva e queremos sempre mais!
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