Muxima

Se eu pedisse um desejo à Lua
pedia para que me desse
sempre a vontade de ter vontade
sempre a sabedoria de querer saber
sempre a persistência de querer persistir
sempre a liberdade de ser livre
sempre o suspiro longo do suspirar
sempre o sentido do doce sentir

sempre o desejo de desejar...

Porque estou fixo no significado das palavras
deixo de entender o sentido do coração
Preso no horizonte rasgado de esperança
todos os dias procuro motivação

Escrevo na areia todos os desejos
Leva-os o mar, negando-me o realizar

Quase força que avança
não escuto os anseios

Persisto nas palavras deixadas na areia...
Um dia o mar vai parar
As minhas palavras o sol vai secar
Os meus desejos? ah...
Um a seguir ao outro,
há uma sereia a cuidar

Não há um dia que apeteça simplesmente sorrir?
Uma manhã para quebrar a rotina
Uma experiência que desperta o desenrasca

Não há um dia em que baixar os braços é a solução?
Uma manhã em que acordar é um esforço tremendo
Uma experiência que destrói todas as vontades...

Mas há um momento em que tudo bate certo:
andar por aqui e criar o oásis no deserto!

Se houvesse um canto no mundo
Onde o azul se jogasse ao mar
Onde a paz se fizesse ao amor
Onde olhos corressem como a luz solar
Um canto doce
Um canto de força e calor
Um canto de redoma
Se houvesse um canto assim
Seria o meu canto de avó
Uma casa onde netos e filhos felizes foram

Se um canto assim houvesse
Se uma infância assim tivesse
A memória guardaria cada momento
Nada se apagaria do firmamento

As coisas que nos inspiram
São pequenas como os grãos de areia
São suaves como a brisa do mar
São simples como o simples falar
São doces como o afago do sorriso

Estão na bruma e nas sereias
Correm como o sangue nas veias

As coisas que nos inspiram
São simples como quem nos lê
São de todos e ninguém vê
São como o dia que nasce
São canto de abrigo