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Pelas minhas viagens, de aqui e de ali vou-me perdendo com a certeza de que no fim da linha me encontrarei. Para quem gosta de aventuras e enigmas pode perder-se e encontrar-se por aqui
Primeiro estranha-se, depois entranha-se... ou melhor, aceita-se.
Confesso que a primeira reacção foi de estupefacção.
Não podia acreditar que à porta do Museu de Arte de Filadélfia está a estátua de uma figura que não passa de um personagem de cinema.
O Rocky dá as boas-vindas a quem vai visitar os Jardins do Oriente, Picasso ou uma colecção de surrealistas.
Às vezes, vi eu, os turistas nem chegam a entrar no museu. Limitam-se à fotografia com o Rocky e seguem caminho. Nem aproveitam para subir as escadas, tão longas assim, e fotografar o belo skyline que se desenha à entrada do museu.
Mas nem é isso que me preocupa. Preocupa-me o facto de que em muito pouco tempo serão muitos os que vão acreditar que o Rocky era um herói de Filadélfia e não um simples personagem de um filme protagonizado pelo Sylvester Stallone.
E não, não vi nenhuma estátua ao Bruce Springsteen. Estranho!
As conversas no cabeleireiro têm sempre muita piada, especialmente se não me dizem respeito e eu for uma ouvinte passiva.
Claro está, que quando se é novidade o assunto somos nós e mais ninguém quer saber da Kardashian que vai casar em Versailles ou da vizinha cujo filho comprou um BMW, etc etc.
Ao passar-me de uma cadeira para a outra, ela, com riso de espanto, que praticamente lhe cerra os olhos ja por si cerrados, diz-me apalpando-me as costas:
"You're so tiny, so little... oh my God!"
Estamos a falar de uma vietnamita exactamente do meu tamanho, mas tudo bem.
"You must weight like 80 pounds!"
Ah ta, claro. Já agora não saio de casa quando faz vento.
Mas desta vez respondi:
"One hundred"
E ela:
"No, I don't think so"
Para baralhar as ideias respondo-lhe:
"I have good bones!"
Calou-se. Mudou de assunto. Mas não me pareceu satisfeita.
Ela, que ja anda nisto de meter conversa sobre a vida dos outros há mais tempo que eu, não vai de modas e remata (chuta mesmo sem piedade):
"If you marry an American you'd stay?"
(No resto a expressão de que tinha ganho a batalha)
Oh boy.., this is too much. Ja não basta chamar-me little room agora quer saber se eu tenho "room for someone else"?!
#DaysInDC : ) stopped counting : )
Não vou entrar em detalhes, mas imaginem-me a dizer, de mão direita levantada, "I, Mayra Fernandes, solemnly swear (...) to protect from all enemies, foreign and domestic (...) So help me God"
Enquanto dizia a frase, a grande questão era: isto não devia dar-me direito ao green card, nacionalidade directa, algo mesmo bom? !
No final, a olhar para a minha cara de espanto, ela diz-me: "we get a little emotional right?"
Ao que respondo: "Just like in the movies!"
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