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A boa muxima

por baía azul, em 13.02.14

Dei por mim, hoje, depois de uma amiga me ter perguntado pelo blog, pela escrita, a questionar-me o mesmo.

A questionar-me sobre esta muxima. E esta muxima surgiu muito por causa de uma resposta que uma das minhas tias dizia sempre que eu queria algo: "Temos que fazer boa muxima na mamã, para ela te deixar ir".

Portanto, a boa muxima era sempre com a intenção de conseguir algo em troca.

Só anos mais tarde a muxima passou a significar para mim o seu significado à letra: coração.

 

Conseguir algo do meu coração, conseguir algo que o meu coração seja capaz de dar aos outros foi o ponto de partida.

 

No meu coração levo os sítios, trago as pessoas, guardo as experiências, sufoco as frustrações.

Ultimamente tem sido um lugar de sufoco, que obstrui o pensamento e não deixa fazer o simples: expressar-me.

 

Para (re)começar resolvi registar as tantas aventuras destas minhas viagens, realocando posts que apenas se ficaram pelo Facebook na altura em que de facto aconteceram.

É possível que este sítio se torne estranho, desorganizado, uma verdadeira secretaria de post-its, ou uma tarde de pastéis de feijão e conversas improvisadas.

 

Sem grandes promessas, talvez recupere aqui o canto aberto do meu coração. Vou fazer boa muxima, quem sabe consigo.

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publicado às 00:22

Do tempo que não sou

por baía azul, em 14.02.12

Não sou do tempo do recolher obrigatório.

Não sou do tempo do uniforme na escola,nem cheguei a usar bata branca, com pena minha.

Não sou do tempo das boca-de-sino em tirilene (mas de ganag), nem do jimmi (mas arrisquei uma vez).

 

Não sou do tempo das curitas nas pernas para pousar para a fotografia,

nem tão pouco do namoro no parque com um sorvete na mão, ou da correspondência por carta.

Já namorei por correspondência email - desconfio que não conte.

 

Não sou do tempo em que as mulheres davam valor aos lavores

mas tive que aprender a bordar e faço péssimas bainhas.

 

Aprendi a dançar, o mínimo aceitável para me sentir da terra que me viu nascer.

Ainda assim, por graça do destino estou a beber da experiência de quem tudo isso viveu e hoje partilha entre si, deixando que alguma criançada participe.

Honra enorme, eu diria, fazer parte do Baú dos Tempos.

 

Escolhi ser uma aluna assídua, sendo fiel ao único lema de vida que de facto tenho: sempre a aprender!

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publicado às 22:04

De regresso e fora de órbita

por baía azul, em 27.01.12

Já estou em Luanda outra vez.

A bela surpresa é que há dez dias e pouquíssimas queixas tenho que fazer à Edel. Aliás nenhumas!

Ouvir zumbidos de geradores só por mero exercício de manutenção, o que é prazeroso.

Por que motivo tanto silêncio?

Ando a tentar acalmar a alma. Quando estiver em paz e souber priorizar voltarei.

Mas uma coisa é certa, rara é a vez em que em paz, feliz, ou não, não estou fora de órbita.

 

Ah Luanda, tenho que fazer muito boa muxima...

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publicado às 20:34

A vaca púrpura

por baía azul, em 07.10.11

Em Luanda estamos sempre a aprender.

Hoje houve quem comentasse no meu FB que sentira falta do meu olhar clínico.

No fundo todos vemos e até nos damos conta, só não queremos ter trabalho a registar.

Eu gosto deste trabalho de registar. De espicaçar. Dá-me a boa sensação de que os astros estão todos alinhados e encontram-se sempre que podem.

Sinto-me a lua a observar.

Hoje em particular gostei da analogia da vaca púrpura do apresentador da Superbrands:

"O importante é ser diferente. Bater palmas de forma diferente, andar de forma diferente, mas acima de tudo ser a vaca púrpura do pasto!" Não resisti à analogia!

 

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publicado às 00:53

Prioridades de Luanda

por baía azul, em 06.10.11

Hoje acordei às 6h da manhã. Estava sol como se fossem 10h. Parece que é o primeiro dia de verão, apesar do cacimbo já se ter despedido há algum tempo.

 

Por incrível que pareça não ouvi o alarme do “how I met your mother”, que tocou já deviam ser umas 7h e qualquer coisa.

 

Foi uma manhã diferente nesta Luanda. Saí do banho a correr quando ouvi que Steve Jobs tinha morrido, vítima de cancro.

Activei o MacBook, senti-me da família e postei no meu FB.

 

Voltei ao banho e à rotina normal.

Pronta para o pequeno-almoço fiz algo que em Angola é raro fazer. Comi a olhar para a TV e para o Mac.

Consultei o email pessoal e fiz algo ainda mais inédito. Respondi ao jornal de uma amiga. Foi de facto um momento de qualidade de vida. Não pensei no trânsito. Não quis saber se ia sofrer com a embraiagem e deixei-me levar.

Respondi ao jornal com um jornal e soube bem.

 

Quando saí de casa sorri. Tinha luz, o sol estava alto e não apanhei trânsito mas ia tendo um acidente ao tirar o carro.

 

Durante o caminho abri as janelas e vim fazendo caretas para ter prioridade.

Aqui não há regras de prioridade. Aliás, elas existem, mas a maior parte delas são ignoradas e até mesmo  desconhecidas.

 

Quem sabe o que é uma cedência de passagem, prioridade à direita, cruzamentos, stops. Ninguém sabe e quem sabe facilmente se esquece. Funcionam melhor as caretas ou os sorrisos.

 

No final da noite recebi um prémio... voltei para casa com uma única moral da história: os sorrisos dão prioridade.

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publicado às 23:41

A beleza é amiga sim!

por baía azul, em 22.03.11

Depois de ver um vídeo postado nesse famoso local público chamado Facebook, com Lesliana Pereira e Leila Lopes em entrevista no programa do Jô Soares, sinto-me obrigada a escrever algumas linhas, fazendo correcções às afirmações de ambas nessa entrevista.

 

Confesso que não fui capaz de ver o vídeo até ao fim. Parei nas divagações sobre o que é o semba, sobre o que significa muxima.

 

Porquê? Muito simples, como angolana procurei um lugar para me enterrar.

 

Neste vídeo teria sido fantástico se as entrevistadas em causa tivessem sabido explicar o que é o semba.

 

De uma forma muito simples, sem grandes pesquisas o semba é muita coisa, mas não é introspectivo e foi do semba, há muitos séculos, que nasceu o samba.

Semba significa umbigada, uma dança angolana do interior caracterizada por movimentos que implicam o encontro do corpo do homem com o da mulher: o cavalheiro segura a senhora pela cintura e puxa-a para si provocando um choque entre os dois (semba).
Jomo explica que o semba actual (género musical), é resultado de um processo complexo de fusão e transposição, sobretudo da guitarra, de segmentos rítmicos diversos, assentes fundamentalmente na percussão, o elemento base das culturas africanas*.

 

Sobre os instrumentos, Leila Lopes, não tendo sido exacta, fez-lhes alguma justiça. Mencionou que o semba tem muito instrumentos.

 

O semba é um dos géneros mais populares da música de Angola e nomes como Carlos Burity, Paulo Flores, Banda Maravilha, Elias Dia Kimuezu ou Bonga não são fáceis de esquecer, mas há muitos outros.

 

Mais um reparo a esta entrevista que não mostrou aos brasileiros o quão rica é a cultura angolana, nem quanto os angolanos a conseguem dominar: não saber explicar o que é muxima.

Somos muitos a dizer a palavra, mas poucos sabemos o que ela quer dizer.

 

Muxima é a palavra em kimbundu para coração.

 

Existe uma vila, no município da Kissama, cujo nome é Muxima. Nessa vila está a nossa Senhora da Muxima, muito venerada pelos fiéis. À semelhança de Fátima, em Portugal, é um local de devoção e que a dada altura do ano chama a si muitos peregrinos.

 

Mas o essencial a reter é que muxima, que também já foi cantada, é coração. Por isso o que tem amor vem do fundo da muxima.

 

Alguém colocou nesse post do Facebook exactamente isto: "É um pouco triste que as pessoas que são escolhidas para representarem o país não tenham "know how". Mas pior do que ignorância e risinhos são aquelas pessoas que votam na beleza no lugar de votar num pacote mais completo".

 

Não há pacote completo? Não posso sequer acreditar nisso. Apesar de pensar que as belas e inteligentes não partilham os mesmos locais, nem as mesmas competições.

 

O que posso lamentar é que desta entrevista não ficou o importante. Provavelmente poucos fizeram a leitura de que as beldades que representam Angola mundo fora muitas vezes não conhecem a dimensão do país que representam, deixando de fora detalhes que nos definem como povo, mais alegre que introspectivo.

 

O vídeo em questão

 

 

 

E já agora, o poema do semba, cantado por carlos Burity e Paulo Flores

 

O Semba Semba é canto de avenida
É chuva de primavera

Semba é morte Semba é vida
O Semba Semba é o meu choro dolente
Olhar nossa vida de frente
Semba é suor Semba é gente

O canto do Semba o canto do Semba ele é nobre

O canto do Semba ele é rico o canto do Semba ele é pobre
O canto do Semba ele é rico o canto do Semba ele é pobre

O Semba no morro Semba no morro é fogueira

O Semba que traz liberdade o Semba da nossa bandeira
O Semba que traz liberdade o Semba da nossa bandeira

O Semba, Semba é kanuco de rua

Na escola da vida ele cresce de tanto apanhar se habitua
Na escola da vida ele cresce de tanto apanhar se habitua

A voz do meu Semba a voz do meu Semba urbano

É a voz que me faz suportar o orgulho em ser Angolano
É a voz que me faz suportar o orgulho em ser Angolano

 


 *pesquisas na web têm maioritariamente esta definição e referem Jomo como autor da mesma.

 

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publicado às 00:09


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