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Pelas minhas viagens, de aqui e de ali vou-me perdendo com a certeza de que no fim da linha me encontrarei. Para quem gosta de aventuras e enigmas pode perder-se e encontrar-se por aqui
Nosso amor é impuro
como impura é a luz e a água
e tudo quanto nasce
e vive além do tempo.
Minhas pernas são água,
as tuas são luz
e dão a volta ao universo
quando se enlaçam
até se tornarem deserto e escuro.
E eu sofro de te abraçar
depois de te abraçar para não sofrer.
E toco-te
para deixares de ter corpo
e o meu corpo nasce
quando se extingue no teu.
E respiro em ti
para me sufocar
e espreito em tua claridade
para me cegar,
meu Sol vertido em Lua,
minha noite alvorecida.
Tu me bebes
e eu me converto na tua sede.
Meus lábios mordem,
meus dentes beijam,
minha pele te veste
e ficas ainda mais despida.
Pudesse eu ser tu
E em tua saudade ser a minha própria espera.
Mas eu deito-me em teu leito
Quando apenas queria dormir em ti.
E sonho-te
Quando ansiava ser um sonho teu.
E levito, voo de semente,
para em mim mesmo te plantar
menos que flor: simples perfume,
lembrança de pétala sem chão onde tombar.
Teus olhos inundando os meus
e a minha vida, já sem leito,
vai galgando margens
até tudo ser mar.
Esse mar que só há depois do mar.
Mia Couto
A minha homenagem a Mia Couto que venceu ontem o Prémio Camões http://noticias.sapo.ao/info/artigo/1318672.html
Tenho poucos ídolos, muito menos heróis, mas tenho profundas admirações. Mia é uma delas.
Há um dia em que queres pintar a luz
ver de longe o que de perto podes tocar
talvez seres fonte que seduz
tremes, foges, saltas, enrolas como o mar
Queres salgar a vida
ser doce, pimenta e céu
ter viagem só d'ida
gritar, Oh mundo és meu!
Queres lua cheia
tão mais que sangue na veia
ser sabor de um só olhar
nada entender, tudo abraçar
Percebi que muitas palavras dizem pouco
que a melhor definição chega pouco
Descobri que muito que dê voltas, amo-te pouco
que alcançar-te dá trabalho e não é pouco
Entendi que o pouco que me deste não foi pouco
que todos os dias contigo são poucos
E se o pouco não chega...
Sei que nesse pouco há um tanto.
Feliz de mim nesse encanto!
(escrito a 19 de Março de 2013)
Encontra-te!
Nas estradas agitadas
nos caminhos sinuosos
nos corredores silenciosos
Encontra-te
nas curvas das estradas
no afagar dos cabelos
no enrolar dos novelos
É só um gesto de amor
que me traz até aqui
é olhar no teu sabor
que me muda tudo o que vi
Talvez provar do teu calor
mostre a loucura do que senti,
uma luz que invade sem meu apelo
um sussurrar que sem querer amar, fê-lo
É uma declaração neste lago encantado
num verde que me perde de vista
é o meu silêncio suave e amado
que te chama sem que assim insista...
Num sítio onde o calor é magia
e a vida sempre fugidia
um suspiro de alegria
não sabe o bem que me fazia
Numa tarde onde o sol tem fulgor
e a cada passo uma gota de suor
um olhar sem favor
aceitava a sensação sem pudor
Numa noite de busca pela liberdade
e a pauta tem as notas de verdade
um som toca de saudade
sem imaginar como a alma invade
Nesta manhã encoberta
a pisar o areal molhado,
procuro abrigo na praia deserta
perco-me na esperança de um dia isolado
Escolho o teu falar meiguinho
o teu caminhar de mansinho
Não é um desejo qualquer
É o suspirar de um bem-querer
de um composto de mudança
um saber que a vida é uma dança!
O que é um bom dia
Sem um sorriso de retribuição?
O que é um bom dia
Sem o teu sussurar a minha canção?
Sem a tua alegria para levar a solidão?
Sem o calor da tua mão?
O que é um bom dia
Se não agarras a vida?
Se foges para um beco sem saída?
Se escondes o amor por ser tolo sentimento?
Se escolhes o fácil por medo do confronto?
O que é um bom dia
Se não danças ao som da chuva?
Se não largas a lágrima turva?
Se não dás o beijo de despedida?
Se corres sem sair da partida?
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